terça-feira, 29 de setembro de 2009

Morrer.

Morrer pra nascer é entender coisas que ninguém vive, ouvir o que ninguém escuta e escolher amar diante de toda límpidez, mesmo aparentemente obscura. Ou no contrário, mas sempre rasgando a pele e sentindo não como alguém que atua, mas entendendo o atuante que torna a ser espetáculo recebendo não o aplauso, mas o vitupério e a dor, junto. Dor, não exatamente por dissipar o prazer pelo que pensa a mente em ser o divinal, mas por não ter onde recostar a cabeça, que ainda assim descansa num momento de dilaceramento da própria imagem que não tem suporte, que não se suporta, encontrando-se em si e bebendo da própria boca. Onde partilha segredos comuns do incomum como filho, sem firula, que sempre esta em casa se misturando em arte, projetando gratidão mesmo em descarga do rasgo. Sim, mostrando-se deflorado de mais uma camada arrancada, mas não exigindo estética para a fílula. Indo e deixando-a aberta e exposta.

Estranhamente pronfundo e pouco usual; e é tudo em necessário.

"Eu sou uma atriz para mim. Eu finjo que sou uma determinada pessoa, mas na realidade sou nada."
Clarice Lispector

Um comentário:

Canteiro Pessoal disse...

Por Ele. Para Ele todas as coisas. Portanto, para Ele morrermos é mergulhar no profundo para borboletar. "Assim, como a semente que não morre, não germina, como a semente que não morre é incapaz de gerar frutos, aquele que não morre é incapaz de gerar vida, incapaz..." A morte que fala é do atuar 'alma nua'. Não tenha receio de abrilhantar e atrair os olhos do Pai pra ti com o nu. É o trilho que ama que façamos, se derrete. Não se esqueça ave rara, disseram pra mim, em outrora, que morrer é horrível [concordo], mas, é a única maneira do impossível elevar-se ao possível. Assim, partilhar segredos antes de dormir e nos inaugurarmos e misturarmos numa descoberta e redescoberta da procura que arranca a primeira camada da pele. Morrer para nascer.
Seus escrito fala por demais ao meu íntimo. Faz-me lembrar dos dias que fui sem saber aonde nem como chegar e quando me dei conta cheguei ao ilógico.

Beijos mil

Priscila Cáliga