quinta-feira, 19 de novembro de 2009

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Após cruzar florestas virgens,
Como fazem os bons bezerros
Um bezerro retornou para casa;
Mas uma sinuosa trilha seu rastro deixou
Como todos os bezerros deixam.
Trezentos anos se passaram desde então,
O bezerro está morto, eu acredito.
Mas seu rastro ainda permanece,
E a moral da história está aí.

No dia seguinte o rastro farejado foi
Por um cão solitário que por ali passou;
Então o sábio vaqueiro
Seguindo a trilha por vales e estepes,
Trouxe o rebanho atrás de si,
Como os bons vaqueiros fazem.
E desde então surgiu grande clareira na mata,
Pela velha floresta surge um caminho.

E muitos homens por ela foram e voltaram
E alargaram, arrumaram, ampliaram.
E proferiram palavras de justa ira
Por ser tortuoso tal caminho.
Mas mesmo a contragosto ainda o trilharam,
A primeira trilha daquele bezerro,
Por entre árvores e entre espinhos ficou sinuosa
Pois cambaleava enquanto caminhava.

Este caminho na floresta virou rua,
Que curva, vira e curva novamente;
Esta rua torta virou estrada
De pobres cavalos com suas cargas
Labutando sob o ardente sol
Numa viajem de três milhas e meia.
E assim por um século e um meio
Seguiram nos passos daquele bezerro.

Os anos voaram velozes,
A estrada virou rua de aldeia;
E antes que os homens dessem conta,
Virou avenida congestionada da cidade;
E logo rua central de uma metrópole renomada;
E homens há dois séculos e um meio andaram
Na trilha de um bezerro, a cada dia cem mil
Pessoas seguem o cambaleio do bezerro;

Tal tortuosa jornada vira rota de continente.
Por onde passam cem mil homens
Passou um bezerro, morto há trezentos anos.
E eles ainda seguem o caminho tortuoso,
E perdem cem anos por dia;
E assim prestam tamanha reverência
A tão bem firmado precedente.
A lição moral que isto ensina por mim é pregada;

Os homens são propensos a seguirem cegos
Ao longo das trilhas dos bezerros da mente.
E a trabalhar dia a dia, sol a sol.
Para fazer o que outros homens fizeram.
Eles seguem no rastro batido,
Pela beira e pelo meio, para frente e para trás.
Permanecendo ainda em seus tortuosos caminhos,
Mantendo o caminho que outros fizeram,

Eles fizeram do caminho uma trilha sagrada,
Ao longo do qual suas vidas se movem.
Como sorri o velho sábio deus da floresta,
Ele que viu o primeiro bezerro passar!
Ah! Muitas coisas este conto poderia ensinar.
Mas não sou ordenado para pregar.

- Sam Walter Foss

Um comentário:

Olhar de Isa disse...

Interessante.
A humanidade repetindo passos. E sempre há o que ensinar...a vida ordena.
Não espere o homem ser ordenado!