"A evolução da espécie está no silêncio do pai que ergue a faca pra matar um filho por ordem divina e a detém. O silêncio que cada homem e cada mulher conhece em sua vida pessoal e coletiva. Um silêncio desafiador que responde ao impulso interno de "sagrada desobediência." Uma desobediência que o homem sonha integrar a paz, a paz que não se fará no estabelecimento de um mundo ideal para o corpo imutável, que não se fará através do clone, mas através do mutante, porque o nosso ser é um ser em transformação, tem alma, e não uma alma boazinha como nos fizeram acreditar. Mas uma alma profundamente imoral. E isso não tem nada de satânico. É que transformaram o Satã num espantalho que nos afasta das mudanças. Satã GERALMENTE é tudo aquilo que nos embota os sentidos e nos embotam a consciência. É que é mais fácil e conveniente apresentar Satã como um possível resultado do risco, do que apresentá-lo também como pesadelo da acomodação. Se os que mudam radicalmente de emprego, se os que refazem relações amorosas, se os que perdem medos, se os que rompem, se os que traem, se os que abandonam os vícios, experimentam a solidão, é possível que essa solidão seja quebrada no encontro com outros que conheçam essas experiências. Haverá pior solidão do que ausência de si?"
Parte da peça - Alma imoral.
Parte da peça - Alma imoral.
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