quarta-feira, 24 de março de 2010

Velhos atalhos.

Mexendo em armário antigo e tirando coisas para jogá-lo fora encontrei além de poeira, tantas outras coisas que agrediam minha saúde. Ao abrir, coladas na porta do armário, fotos de família risonha típica que vivia, fora da paralisia, aos tapas. Irmã com sua doce, antiga e tímida presença. Cachorros, muitos cachorros com rótulo de amigo e Pietra, a única. Mares que me deixei e shoppings que levei. E até o ursinho marrom sem nome que me fazia dormir protegida, mas não abraçava. E dentro do armário muitos presentes singelos e cheios de significado como a caixinha de música que ouvia sempre quando a irmã ia para a creche. Ou um fingido abajour que vovô deu com intenção de iluminar. Aos montes havia cartas de amor, de amigos, de família, com desejos de felicidade, promessas e declarações eternas. Mas, - normalmente - a vida prosseguiu sem mim, assim como fazia com a mãe. Ela saia para trabalhar, então eu aprontava, vivia, descobria. Tudo réplica de momentos e lembranças no tempo mais fácil, superficial e sincero. Se estendeu, onde o amor entrou algumas vezes sem ao menos entendermos que ele lá estava, e em outras, a prova viva que as coisas e as pessoas eram tratadas no mesmo nível, da mesma forma, no mesmo siginificado. E toda a sensação ao rever histórias me causou tristeza e nenhuma saudade de fato. E como isso aconteceu nesse coração? Pois doía tanto, mas tanto, tanto... Sempre foi saudade, sempre havia nostalgia ou melancolia na garganta e nos pulmões. E agora não, "de repente" agora não. Ao peito agitado somente tristeza por ter feito algumas escolhas, não por pessoas, mas por atitudes que não tomaria agora.

domingo, 14 de março de 2010

Vendaval.

Nas páginas anteriormente brancas dos livros inúteis,
Nas velhas caixas de recordações de jovens sentimentais,
No tronco apunhalado da árvore centenária do jardim,
Nas últimas folhas dos jornais locais que ninguém lê,
Letras em cadência de verso denunciam a sua EXISTÊNCIA.

Em letras pequenas
Do tamanho do amor, da esperança, da saudade,
Versos anunciam que uma pequena alcateia de mulheres e homens,
Guiados por corações sem rédeas,
Escreveu sentimentos proibidos
Em horas de solidão
Inventando uma SUBVERSÃO a que chamam poesia.

Uma ALCATÉIA de mulheres e homens livres,
Com fome e sede de infinito,
Soube dar vida a letras esquecidas.
Basta-lhes um sonho.
A noite.
A paixão.
A beleza de um olhar reluzente.

Armados com caneta e papel,
Camuflados com um olhar humilde
Que disfarça uma insuportável dignidade,
Mulheres e homens inundam a terra árida do mundo,
Com palavras VICIOSAS sob a forma de poemas.

É URGENTE travá-los antes da contaminação coletiva,
Antes que a epidemia se espalhe
E a poesia se torne numa doença universal.
Justificam-se medidas drásticas.
O presidente que decrete o estado de sítio.
Alerta vermelho!
Mobilização geral!
Chame-se o exercito, a marinha,
Ordene-se que os navios de guerra estejam a postos,
Os aviões devem carregar mísseis e voar imediatamente,
As forças de segurança devem procurar cidade-a-cidade,
Vasculhar bairro-a-bairro,
Revistar casa-a-casa.

Sem esquecer as escolas, os cafés, os jardins?
Existem PENAS exemplares para quem não denunciar os criminosos,
A situação assim o exige.

Está em causa o FUTURO da Humanidade.
O futuro do sistema social que construímos,
O futuro dos desenvolvimentos científicos e tecnológicos,
O futuro das nossas vidas conquistadas com suor e trabalho.
Não se deixem vencer pelo cansaço:
Encontrem-nos!

Só quando conseguirmos eliminá-los poderemos viver em paz.
Num qualquer local desconhecido,
Mulheres e homens perigosos ESCREVEM poemas.
Descurando as suas tarefas sociais,
Semeiam no mundo hieróglifos compadecidos.
É imprescindível intensificar as buscas.
E ao encontrarem esses infames
Esgrimindo verso após verso de caneta em riste,
Não hesitem:
Disparem!

Mesmo que seja amigo de infância: Disparem!
Colega de escola: Disparem!
Partilhou convosco a mesma carteira: Disparem!
Ofereceu-vos da sua comida quando tinham fome: Disparem!
É possível que sintam uma compaixão tolerante
Quando os descobrirem indefesos perante a vossa espingarda.
Não se deixem comover:
Apertem o gatilho e calem-nos para SEMPRE!
Para BEM do mundo,
Procurem a alcateia de mulheres e homens que inventaram a poesia.
É preciso encontrá-los antes que seja tarde...

Gonçalo Nuno Martins

terça-feira, 9 de março de 2010

chamado: Tijolo Por Tijolo Chato.


"Mas se é verdade, você pode ver com seus olhos até no escuro e é lá que eu quero estar."

Complexo?

=)

No traçado pode ser eu, o próximo, a Noiva...

"Olhe à si mesmo e não em outro alguém e diga-me o que vê..."

sábado, 6 de março de 2010

Traçar.

"Se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado."

Desenho ou destruição do que não se conhece?

É deturpado achar que comunhão é ajuntamento de gente, isso é no máximo teoria do homem cordial, uma "transparência fosca". O verdadeiro ritmo, de fato, tem sido visto como utopia. Talvez seja desejado, mas não trilhado por parecer irreal, desconexo... Como a arca. Como um maná que cai do céu e alimenta. Como uma cruz de morte que gera vida. Bem, essa 'utopia' me enraizou por crer, me levando a trilhar o que não foi trilhado, remetida a seguir naquilo que nossos olhos naturais não conseguem enxergar.

Mas não, não dá pra viver sozinha, andemos na luz e vamos em busca da 'epifania'?!

Estejamos à porta do jardim, assim, rebobinando a memorização como no Éden, caminhando em diálogos com Deus com o ser nu sem vergonha. É... E Ele esta de braços abertos porque nos ama.

E podemos retribuir esse amor...


"E conhecemos o amor nisso: Ele deu sua vida por nós, e devemos as nossas vidas por nossos irmãos."

Essa é a trilha.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Povo perseverante...



E no fim
Mentimos acordados
E nós sonhamos
Que faremos nossa fuga...