Morrer pra nascer é entender coisas que ninguém vive, ouvir o que ninguém escuta e escolher amar diante de toda límpidez, mesmo aparentemente obscura. Ou no contrário, mas sempre rasgando a pele e sentindo não como alguém que atua, mas entendendo o atuante que torna a ser espetáculo recebendo não o aplauso, mas o vitupério e a dor, junto. Dor, não exatamente por dissipar o prazer pelo que pensa a mente em ser o divinal, mas por não ter onde recostar a cabeça, que ainda assim descansa num momento de dilaceramento da própria imagem que não tem suporte, que não se suporta, encontrando-se em si e bebendo da própria boca. Onde partilha segredos comuns do incomum como filho, sem firula, que sempre esta em casa se misturando em arte, projetando gratidão mesmo em descarga do rasgo. Sim, mostrando-se deflorado de mais uma camada arrancada, mas não exigindo estética para a fílula. Indo e deixando-a aberta e exposta.
Estranhamente pronfundo e pouco usual; e é tudo em necessário.
"Eu sou uma atriz para mim. Eu finjo que sou uma determinada pessoa, mas na realidade sou nada."
Clarice Lispector
Clarice Lispector